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Gestão do Conhecimento: uma breve definição, histórico e modelos

Atualizado: 9 de jan.



O que é Gestão do Conhecimento e como ela surgiu?

A sociedade contemporânea, diferentemente das que a precederam, tem como seu maior ativo o conhecimento, conhecimento este mormente baseado nos vastos estoques de informação produzidos preservados pelos, indivíduos e instituições.


Nesse contexto o conhecimento, que segundo os pesquisadores Thomas Davenport e Laurence Pruzak trata-se da justaposição de valores, experiências, informações contextuais insights experimentados que por sua vez fixa bases para a absorção de novas experiências e informações, e é iniciado na mente do conhecedor, porém também pode estar contido nos repositórios, registros, arquivos, bibliotecas, processos e rotinas de uma organização.


Ao conhecimento inerente ao ser humano, dá-se o nome de Conhecimento Tácito ou Implícito, enquanto o conhecimento inscrito nos registros e nas bases informacionais nomeia-se como Conhecimento Explícito.

Deste modo a Gestão do Conhecimento pode ser entendida como o processo de obter, gerenciar e compartilhar a experiência e especialização dos colaboradores, com o objetivo de se ter acesso à melhor informação no tempo certo, utilizando-se de tecnologias de forma corporativa.


A gênese da Gestão do Conhecimento foram os estudos sobre competência e aprendizagem organizacional que ressaltavam a proeminência do conhecimento como fator positivo à vantagem competitiva das organizações e suas bases estão fincadas na Europa durante o Século XVII, período em que ocorreram simultaneamente a Revolução Industrial na Inglaterra bem como a Revolução Sociopolítica na França, sendo a primeira responsável pela grande mudança em processos de fabricação e a segunda com toda a estrutura política, formulação de códigos, normas jurídicas e modelos de organização técnica científica.


Nesse período, sobretudo na Inglaterra e Bélgica, países que saltaram na frente da industrialização, sentiu-se a necessidade de um formato educacional padronizado que possibilitasse a sistematização do conhecimento afim de tornar a ciência em algo manipulável e compreensível .


Já no início do Século XX, o Engenheiro Mecânico Frederick Winslow Taylor, com sua proposta de Administração Científica que controlava e calculava a forma e o tempo de trabalho visando a maximização da produção e dos lucros e o também Engenheiro Jules Henri Fayol  com seu modelo de Administração Clássica que estendia o olhar ao modelo organizacional e as tarefas a serem cumpridas, avançaram no histórico e nas práticas da Gestão do Conhecimento.


Na década de 1950, o Sociólogo alemão Max Weber, deu sua contribuição à biografia da Gestão do Conhecimento com a teoria da burocracia, que baseava-se na racionalidade e na adequação dos meios aos objetivos, para que se tenha o máximo de eficiência. Incluem-se neste rol, em 1954, ao modelo da "Administração por Objetivos", de Peter Drucker e, em meados de 1960-1980, à sedimentação da teoria de Igor Ansoff, trazendo os princípios do planejamento e da administração estratégica.


Ok, mas qual é a Finalidade da Gestão do Conhecimento?

Gerir o conhecimento é necessário para que a mudança e a inovação sejam possíveis, tendo em vista que as organizações devem estar atentas e responder as diversas pressões do ambiente competitivo bem como as advindas do estado e demais entes normativos .

Muitas são as aplicações fins quando o assunto é gerenciar estrategicamente ativos de conhecimento como:

• Geração de resultados econômicos para a organização em benefício para todos os públicos que tem interesse direto ou indireto na organização ;

• Potencializar tomadas de decisão, resolver problemas, facilitar a inovação e a criatividade bem como obter vantagens competitivas em diversos níveis ;

• Desenvolver ambientes de aprendizagem e compartilhamento de informações que promovam maior eficiência organizacional ;

• No setor público a Gestão do Conhecimento pode contribuir para a retenção de mão de obra qualificada, criar e usar o capital estrutural, promover o capital social, estimular a colaboração e sobretudo aumentar a eficiência na prestação de serviços públicos de forma legal e impessoal .


Características da Gestão do Conhecimento

A Gestão do conhecimento, uma vez que baseada em modelos diversos possui características diversas que devem ser observadas de acordo com o contexto que está inserido, bem como a área de atuação da organização, no entanto, existem pontos comuns:

• Utilização da tecnologia como suporte as atividades;

• Gerencia e descreve e mensura processos;

• Interesse no conhecimento tácito inerente às equipes;

• Incentivo à transposição do conhecimento tácito para o conhecimento explícito;

• Utilização de padrões para registro e recuperação do conhecimento explícito.


Quais os modelos de Gestão do Conhecimento?

Dentre os modelos de Gestão de Conhecimento catalogados, o mais conhecido é o modelo japonês ou modelo SECI, desenvolvido por Nonaka e Tacheucchi em 1997. Basicamente o modelo SECI, organiza conhecimento tácito e explicito e cria meios para sua conversão a partir de ações de socialização (S), externalização (E), combinação (C) e internalização.


Assim, a socialização consiste na aprendizagem pela observação, já externalização foca na transformação do conhecimento tácito em conhecimento explícito possibilitando assim que seja compartilhado e gere um novo conhecimento, a combinação, por sua vez, trata da concatenação de conhecimentos explícitos isolados em um todo, com vistas a dar subsídio para o desenvolvimento de algo novo, por fim, a internalização baseia-se na premissa de que quanto mais o conhecimento explícito é compartilhado e utilizado, mais os envolvidos o absorverão fazendo-o interagir com seus rolls de conhecimentos implícitos e gerando o seu próprio conhecimento implícito.


Embora o modelo Japonês seja o mais popular, a literatura também registra outros formatos, nos Estados Unidos, por exemplo, ganhou ênfase a gestão do conhecimento explícito esse modelo foi baseado nos estudos conduzidos por Davenport e Prusak em 1998 e aplicado em empresas como General Eletric, HP, 3M e MC Kinsey.. Outro modelo bastante conhecido e aplicado é o desenvolvido por Bock em 1998 que se baseia em quatro dimensões, a saber, conteúdo (conhecimento estratégico relevante), cultura (modelos mentais e padrões de regras), processo (sequencia de atividades) e infraestrutura (sistemas de informação).


Nesse modelo o conhecimento é considerado uma commodity, ou seja, um recurso que pode ser manipulado e gerenciado, sobretudo por meio de tecnologias de gestão da informação. Por fim, em 2002 Probst, Raub e Romhardt cunharam um modelo que enxerga a Gestão do Conhecimento de forma contínua, sintetizados em seis etapas, que são: identificação do conhecimento que corresponde a deixa-lo acessível para os colaboradores conforme sua necessidade, aquisição do conhecimento que significa a captação do conhecimento externo por meio pesquisas e análises com fornecedores, clientes, consultores e afins, desenvolvimento do conhecimento que diz respeito a capacidade de produção do conhecimento ainda não existente na organização, já o compartilhamento do conhecimento está relacionado ao ato socializar os aprendizados com os demais membros da organização, a utilização do conhecimento foca em eliminar barreiras que limitam o uso pleno do conhecimento, por fim a retenção e preservação do conhecimento é processo que visa manter o conhecimento essencial para a organização, este conhecimento pode estar em funcionários chave ou em ferramentas como manuais e rotinas práticas.


Qual o estado atual das práticas em Gestão do Conhecimento?

Atualmente a práticas que que visam mapear, preservar, compartilhar e gerenciar o conhecimento é razoavelmente acolhidas pelas organizações, inclusive no Brasil, empresas como Banco do Brasil, Sepro, Votorantim, Vale e Petrobrás atotam programas de Gestão do Conhecimento, a Vale, por exemplo dispõe de programas de treinamento entre funcionários bem como repositórios de conhecimento nos quais são disponibilizados os objetos digitais de aprendizagem utilizados no treinamento, esse mesmo repositório foi contemplado pelo Premio e-Learning de 2004.


Há também que empresas contam com Centros de Conhecimento Técnico, Centros de Memória e Universidades Corporativas dentre outras iniciativas nesse sentido. Ademais, as pesquisas na área de Gestão do Conhecimento contam com apoio de associações especializadas nacionais e internacionais, periódicos científicos e programas de pós-graduação Lato e Stricto Senso.


 

REFERÊNCIAS

ABDULLAH; DATE, H. Public sector knowledge management: A generic framework. Public sector management review. Jan./Jun. 2009, v. 3, n. 1. (apud) BATISTA, F. F. Modelo de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira: como implementar a gestão do conhecimento para produzir resultados em benefício do cidadão. Brasília: Ipea, 2012.


 ALMEIDA, F. Uma breve história da Gestão do Conhecimento. [s.l], 2012. Disponível em: < http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/uma-breve-historia-da-gestao-do-conhecimento/66400/ >. Acesso em 30 dez. 2018


MATTERA, T. C. Gestão do conhecimento na prática. In: SOUTO. L. F. (Org.) Gestão da informação e do conhecimento: práticas e reflexões. Rio de Janeiro: Interciência, 2014, p. 199-220.

 
 
 

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